sexta-feira, 8 de junho de 2012

O meu último texto

Caros amigos,acabo de formalizar, junto da distrital de Santarém, a minha demissão de presidente da concelhia do PSD de Salvaterra.

Depois de um email que vos enviei por entender ser necessário defender a minha honra, venho agora falar-vos com o coração e dizer algumas coisas que reputo de importantes.

Recebi sinais claros de que a minha continuação nestas funções não teria o apoio de um grupo restrito de 3 pessoas da minha comissão política. Como são companheiros que respeito e considero, e contra quem eu nunca tomaria uma atitude de oposição, resolvi não impôr a minha presença nem tentar manter o lugar através de uma nova lista - solução essa que me foi sugerida por vários militantes.

Preparava-me para levar o Partido para o culminar de um processo que comecei há 3 anos. Infelizmente não me foi permitido fazê-lo; espero que as pessoas quiseram substituir-me o façam melhor do que eu faria. Já aprendi que o Partido tem de ser mais importante que qualquer um de nós, e quem está à frente tem de ter a competência, o carisma e a combatividade políticas como requisitos principais. Só depois outras coisas importam.

Não fiz tudo bem, mas também não fiz tudo mal. E o saldo que agora faço no momento da despedida, meus queridos amigos, esse é muito positivo.

1. Cheguei à liderança do PSD por altura das fatídicas eleições autárquicas de 2009. O Partido estava esgaçado, ferido, dividido e foi com alguma capacidade que consegui juntar as diferentes sensibilidades e refazer o projecto.

2. Por altura da campanha autárquica, assumi a direcção dos eventos de campanha e dei um contributo na área do discurso público que muito valorizou a qualidade do Partido.

3. Filiaram-se pessoas que andavam há tanto tempo com processos pendentes e são dezenas as novas afiliações ao Partido durante os meus dois mandatos.

4. Estabeleci a estratégia e estive na génese da criação da JSD.

5. Promovi encontros com militantes e simpatizantes em todas as freguesias do concelho. Em cada um desses eventos era notória a boa disposição e a disponibilidade de um número cada vez maior de pessoas.

6. Intervim em reuniões públicas em nome do PSD, para desconforto da oposição que começou a queixar-se que agora o PSD, o da minha liderança, era um PSD mais agressivo - claro, começava a incomodar.

7. Criei o blog onde foi colocando artigos e expondo o Partido com textos de qualidade. Fui pedindo colaboração mas de ninguém - infelizmente - tive ajuda.

8. E fiz trabalho que não parece... porque não aparece à vista, mas é trabalho. Gerir desentendimentos, acalmar zangas escondidas de umas pessoas contra as outras ... enfim, muito trabalho.

9. E cheguei a este ponto pensando que estávamos prontos, coesos, unidos para o ataque final: uma grande aposta para as autárquicas. Ouço todos os dias de pessoas, da comunidade, que mencionavam o meu nome como um bom candidato do PSD. O sentimento estava a generalizar-se. Como a generalidade das pessoas pensam, também eu penso que seria o candidato natural não só pelo meu trabalho mas também pelas minhas características políticas.

10. Alguns companheiros acharam que não; acharam que eu servi para trazer o Partido até aqui mas que agora outro deverá colher os resultados. E saio; saio com o sentido do dever cumprido e com pena de não ser parte do que construí. E com muita pena se porventura a liderança que quer estabelecer-se não fizer melhor do que eu faria.

11. Deixo aqui os meus agradecimentos aos companheiros que acharam por bem a minha substituição: ao João Filipe, meu vice-presidente, obrigado pelo apoio que me deste até te mostrares indisponível para estar comigo. Ao Manuel Nunes, desejo um bom desempenho nos desafios que aceitar. Ao José Balbino, obrigado por cada intervenção e por nunca sentir inimizade de sua parte, apesar de ser notório que não gostava do meu estilo.

12. E a todos, ao Pedro Lopes pela sua exuberância, ao Paulo Caderias pela amizade genuina e à prova de bala, ao Sr. Jorge Silva pelos anos que tem dado ao Partido, ao Jorge Silva pela ajuda nas questões económicas, ao Alírio, ao Sr. Joaquim Luis, ao Sr. João Brardo e aos dois ausentes :) Carlos Brardo e Ricardo Caseiro, a todos, um abraço.

Deixo aqui também um respeitoso cumprimento ao sr. Rafael João, a quem muito ouço porque disso tenho a obrigação.

Desejo que quem achou que a minha presença atrapalhava o Partido tenha agora espaço e a competência para fazer melhor do que eu. Uma vez que, em princípio, em equipe que ganha não se mexe, esperamos que todos venham a lucrar com esta mexida. Espero sinceramente que, com esta mexida, ganhe o PSD e não a oposição.

Entretanto, o PSD/Salvaterra continua a contar com a minha modesta colaboração, à retaguarda, na certeza de que a vitória do PSD é a nossa vitória.

Atenciosamente,
Luís Seabra Melancia

10 comentários:

  1. Meu caro Luís Melancia, é com muita pena e frustração que assisti à reunião que deu este desfecho. Quanto à minha "amizade genuína à prova de bala", fico agradecido, mas é o que realmente, eu dou a todos os que vão passando pela minha vida, aos quais vão merecendo.

    Quanto a este caso, não concordo minimamente com o que foi feito, não concordo e não aceito que durante 2 anos de CP, ninguém tenha tido a coragem, quanto mais a 3 dias das eleições, estando as pessoas visadas nas listas, quando deram o sim à sua pessoa, uma a um. Não fazia, eu, parte desta nova CP que seria eleita no dia 9, mas por opção minha, pois tinha sido convidado. Saí, porque não me sinto dono do PSD de Salvaterra e porque e bem, aceito cada critica sua, por também eu ter contribuído pouco para o projecto. Acrescento que, todos nós contribuímos "nada", enquanto o Presidente esteve sempre activo. Mas dizia eu, como não me sinto dono do PSD e não estando a contribuir e por isso não quero estar no partido por uma imagem ou para conseguir mais tarde um "tacho", decidi não fazer parte da CP que seria eleita. Se o PSD mexeu consigo? Claro que sim. Se os restantes partidos tiveram que se preocupar com este PSD? Tiveram e muito!

    Mas há uma coisa que eu sei! Convivi durante 2 anos com pessoas que souberam esconder o que sentiam sobre si (admiro este acto de coragem, se é assim que pensam ser), e fico à espera de novidades para o PSD de Salvaterra. A segunda coisa que eu sei, é que, se sair um candidato às eleições que seja uma das pessoas que fez esta vergonha no PSD, não contam com o meu apoio e nem o meu voto. Apenas lhe digo que o seu trabalho ficará, e será lembrado por todos os simpatizantes, militantes e oposição. Hoje, o PS e BE estão em festa, porque caiu uma arma forte para 2013.

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    1. Olá Paulo Cadeiras. Obrigado pelas suas palavras de apreço. A força da liderança que exerci e da CPS que liderei está igualmente patente no facto de que foi durante este período que o PSD obteve a sua maior votação de sempre no concelho. Enfim, como militante do PSD espero que quem quis impôr a minha saída e subtituir-me, faça melhor; isto é, que se apresente e apresente resultados. Em política interessam resultados. Um partido político vive para ganhar eleições e não para ser um clube de velhos amigos da sueca, da caça ou do campismo. Como militante, estou expectante. Um abraço

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  2. Mais um ano o filho fica orfão?
    Conheço esta Força Política em Salvaterra de Magos desde 1974.

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    1. Caro anónimo, a essa pergunta eu não posso responder. Tentei dar um contributo e sei que deixo um legado. Pena é quando alguém deixa um legado e esse legado não pode ser delegado por falta de opções válidas e politicamente competentes.
      Luís Melancia

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  3. Quando falo em "orfão" não sou um anónimo qualquer sei do que falo.
    Muitas vezes é preferivel ser adepto que ser filiado.
    O Paulo Cadeiras diz que o PS e o BE estão em festa. Para mim o Concelho está mais pobre.
    Quando agradece a muitos e não aqradece a todos é preferivél não agradecer a ninguém porque por lapso pode esquecer algum.

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    1. Olá, meu caro. Quando me refiro a si como anónimo é porque é dessa forma que escolheu intervir aqui. De qualquer das formas, agradeço o facto de aqui ter vindo e deixado a sua opinião. E agradeço as suas palavras: também acho que o concelho fica mais pobre sem a minha candidatura à Câmara Municipal.

      Quanto aos agradecimentos, escolhi aqui agradecer a todas as pessoas que fizeram da parte da minha Comissão Política. E resolvi relevar o Senhor Rafael João porque devo; o meu sentido ético e de respeito obriga-me a isso. E agradeço-lhe a si por aqui vir.
      Já agora, dê uma olhada neste novo blog http://politicaparasalvaterra.blogspot.pt/

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  4. Estou morto.
    Quando é o funeral. Eu quero comprar um ramo de tojos.

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  5. O anónimo está morto? Tenho pena.
    Está como estava o PSD há 3 anos e como voltou agora a estar. E se calhar «voce» tem culpas no cartório... eheheh...

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  6. Só nós os dois falamos onde estão os outros.
    Restos mortais.Aguardo a missa não do sétimo dia mas sim do Ano

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  7. Só nós dois falamos porque não há outros. Basta ver quantos «outros» vinham aqui escrever... Espera-se que saia um coelho da cartola, mas nao se vê jeito!
    Restos mortais... é verdade! Infelizmente mataram quem ressuscitou o PSD de Salaverra. Não faz mal... ressuscita-se sempre quando e ONDE menos se espera...
    Pois é... diz bem: a missa do enterro é para o próximo ano!

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